Você comprou um automóvel usado porque soube que ele é capaz de fazer 10 quilômetros com 1 litro de combustível mas descobriu que ele não está passando dos 7 km/l. Ou, então, você comprou um carro zero e após um ou dois anos de uso percebeu que ele está bebendo bem mais do que quando saiu da concessionária.
Em geral o grande culpado é um só: falta de manutenção. Se for isso, a solução é simples e – melhor de tudo – barata.
Às vezes, basta um filtro de óleo entupido para o gasto ser até 20% maior. Caso várias peças tenham problemas, o consumo pode dobrar. Entram nessa lista velas, catalisador e filtros de ar e combustível, sem falar do próprio óleo, que pode estar fora da especificação correta afinal, não falta motorista que confia mais no frentista que no manual do proprietário.
Os sintomas começam a se agravar por volta dos 50.000 quilômetros, mas podem aparecer já aos 20.000. Tudo vai depender da condição de uso severo (trânsito urbano pesado, excesso de estradas de terra), abastecimento com combustível de má qualidade ou a simples falta de troca de filtros.
“O que acontece é que a pessoa compra um automóvel novo e não faz mais nada. Nem as revisões de autorizada ela respeita. Quando alguém compra esse carro como usado, pode estar levando para casa uma verdadeira bomba-relógio”, afirma o mecânico Vinicius Losacco. “O mais curioso é que basta você gastar uns 400 reais para deixar o carro em ordem.”
Em parte, esse problema ocorre porque os automóveis estão mais duráveis e, portanto, suportam mais tempo sem a manutenção obrigatória. Mesmo assim, não há milagres. Um filtro de ar, por exemplo, deve ser trocado em média a cada 10.000 quilômetros.
“E não vale dar aquela batidinha, não. A sujeira que é acumulada internamente não sai batendo”, diz Losacco. Aliás, tanto a tal batidinha quanto o uso de jato de ar comprimido podem provocar danos na estrutura do elemento filtrante.
A mesma displicência se vê com o filtro de óleo, responsável por impedir a circulação de impurezas no motor.
Como quem vai vender o carro geralmente não está tão preocupado com a manutenção preventiva, o consumo de combustível a mais causado por um simples filtro de óleo sujo pode chegar a 20%.
O óleo sujo perde suas propriedades de lubrificação, aumentando o atrito entre os componentes móveis dentro do motor. E, assim, ele passa a beber mais. Principal veneno para o automóvel, o combustível adulterado é responsável pela “asfixia” do motor. Câmara de combustão contaminada, válvulas com folga além do especificado e filtro sujo fazem com que o automóvel perca rendimento. A reação do motorista é automática: pisar mais para compensar a falta de potência.
Neste caso, checar a abertura da folga da vela determina a qualidade da queima do combustível. Para cada motor, há uma especificação própria.
Por fim, um dos itens que mais sofrem é o catalisador, que chega a derreter com o tempo. No passado, havia uma moda de retirar o catalisador para ganhar potência. Mas esse ganho só acontece a 6.000 ou 6.500 rpm, sem falar que o carro perde torque. E isso se traduz em maior consumo.
Vale dizer que tudo é uma reação em cadeia: gasolina batizada entope o filtro, assim como velas ruins com filtros contaminados vão sobrecarregar o trabalho do catalisador. Este último, aliás, é um sofredor. Tudo o que estiver errado antes será descontado no catalisador.
Outro problema do catalisador é a pirataria, estimulada pelos preços altíssimos praticados pelas redes autorizadas. Segundo o setor de reposição, mais de 80% do mercado é atendido com peças falsas. As conseqüências extrapolam o consumo alto. Os falsos poluem acima do permitido e causam problemas de saúde. Assim, o prejudicado deixa de ser só seu bolso.
Fonte: Quatro Rodas