Cada vez mais pessoas contratam seguros que cobrem o diagnóstico de câncer e outras doenças graves no Brasil. Nos dois primeiros meses de 2019, enquanto os seguros de veículos registram queda de 2,39%, as coberturas voltadas para pessoas, que incluem prestamistas e coberturas por acidentes, subiram 12,85%. Sozinha, a modalidade Vida cresceu 14,8%.

A preocupação do brasileiro com a proteção aumentou. Mas não é só isso. O seguro de automóveis caiu porque a frota de veículo não está crescendo mais do mesmo ritmo de antigamente. Muita gente tem optado por usar aplicativos (de mobilidade urbana).

“É uma tendência que veio para ficar. O crescimento é alto, mas a penetração desse produto no Brasil ainda é baixa”, diz Luciano Snel, vice-presidente da FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) e presidente da Icatu Seguros. Os seguros de doenças graves ou terminais representam pouco mais de 2% do mercado total de seguros de pessoas no país (24,8 bilhões de reais até agosto). “O aumento da expectativa de vida tem colaborado bastante. As pessoas estão vivendo mais e todo mundo está sujeito a uma doença inesperada.”

O aumento no número de casos de câncer no Brasil, seguindo uma tendência mundial, deve ajudar a tornar o produto mais popular com o tempo. Se nada for feito, segundo o órgão, as incidências de novos casos de câncer vão atingir 29,4 milhões em 2040 —crescimento de 63% nos próximos 20 anos. Já a mortalidade deve subir para 16,3 milhões até lá.

Um estudo da Agência para a Pesquisa do Câncer, entidade ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), mostrou que serão os países emergentes que mais terão aumento de casos de câncer, com um avanço expressivo de 62% até 2040 e um total de 10 milhões de novos diagnósticos da doença.

Como funcionam os seguros contra câncer?

Diversas seguradoras oferecem proteção contra câncer e outras doenças graves. As características específicas dos produtos variam de seguradora para seguradora, mas, no geral, são seguros de vida que proporcionam uma indenização mediante diagnóstico da doença, que equivale a um percentual do prêmio contratado em caso de morte. O uso da indenização por doença grave não anula a validade do seguro de vida —ou seja, se ocorrer a morte do segurado durante a vigência do contrato, mesmo que a indenização por doença já tenha sido paga, os beneficiários receberão uma nova indenização.

Em comum, os produtos de todas as seguradoras preveem que o segurado não esteja previamente diagnosticado com a doença antes da contratação do seguro. Também é comum que as seguradoras estabeleçam um período de carência para a solicitação de indenizações, que varia de empresa para empresa —a prática é idêntica a dos planos de saúde.

“No mercado internacional, a cobertura de doenças graves não é mais tendência. Já é consagrada. Aqui no Brasil, tem ganhado relevância nos últimos três anos”, diz Claudio Leão, diretor da Bradesco Vida e Previdência.

Os planos corporativos são os principais interessados na proteção para câncer hoje em dia e isso deve continuar. As empresas buscam agregar valor aos seus times.

Na Porto Seguro, todos os seguros de vida individuais podem ter cobertura para qualquer tipo de câncer, se o cliente contratar esse serviço. Além disso, a seguradora tem um produto específico que batiza de Vida Mais Mulher, que também cobre qualquer câncer.

Quando o segurado recebe o diagnóstico, independentemente do nível da doença, recebe a indenização e pode usar o dinheiro para o que quiser. Pode usar, por exemplo, para complementar o tratamento coberto pelo plano de saúde, contratar enfermeira, melhorar a infraestrutura em casa ou viajar.

“Há uma crescente conscientização entre as mulheres sobre a importância de se proteger contra o câncer. Há dois momentos do ano em que vemos a procura pelo nosso seguro aumentar muito: No Dia da Mulher, em março, e no Outubro Rosa”, diz Fernanda Pasquarelli, Diretora da Porto Seguro Vida, Previdência e Investimentos.

Nos últimos 3 anos, as contratações do produto Vida Mais Mulher Porto Seguro vêm crescendo a uma média de 27% em número de clientes. Em outubro, por causa da Campanha Outubro Rosa, as contratações chegam a aumentar 40% em relação ao mês anterior.

“O mercado de vida como um todo têm crescido bastante. Por causa do envelhecimento da população, as doenças têm crescido. Uma em cada três pessoas vai ter uma doença grave na vida. Precisamos comprar uma proteção para isso. É inerente ao aspecto demográfico. A população vive mais e sofre mais de doenças do envelhecimento. As mulheres têm filhos mais tarde e precisam proteger sua renda e a renda de seus filhos, que ainda vão ser muito novos quando elas envelhecerem. Uma mulher que engravida aos 40 anos terá 70 anos quando seu filho tiver 30 anos e estiver recém começando a construir patrimônio”, diz Fernanda.

Vale a pena contratar um seguro contra câncer?

Especialistas são categóricos ao afirmar que já passou da hora de as pessoas pensarem no seguro de vida como um item básico do planejamento financeiro. Se a cobertura também abranger o diagnóstico de câncer e outras doenças graves, melhor ainda, já que a população está cada vez mais velha e a probabilidade de você ter um problema de saúde no futuro é cada vez maior.

Um dos mitos que mais afastam o interesse pelo produto costuma ser o preço. Muitas pessoas não veem problema em gastar 2 mil reais no seguro de um automóvel por ano, mas não gastam 10% desse valor em uma proteção para si próprio e para sua família. “As pessoas estimam que preço de seguro de vida é três a quatro vezes maior do que realmente é”, afirma Snel, da FenaPrevi.

Já quando decidem contratar um seguro, a maior dificuldade das pessoas é com a escolha do tamanho da cobertura. Não existe uma fórmula para fazer essa conta. Comece calculando todos os gastos que você tem na vida e quanto eles custam por mês, para manter todas as pessoas que dependem de você financeiramente. Lembre-se de que, no caso do seguro para câncer, a indenização pelo diagnóstico não é de 100% do valor da cobertura, então isso deve ser levado em consideração na hora da escolha.

Em seguida, estime por quanto tempo sua família precisaria desse dinheiro para se manter sem você, até se reestruturar. Se não tem tanto dinheiro assim para bancar um seguro com uma indenização tão alta, invista em um produto que pague, pelo menos, um ano de despesas. Lembre-se de incluir na conta sua renda investida em aplicações financeiras, se tiver, e suas dívidas que ficarão para a sua família pagar. Se achar muito difícil fazer essa conta sozinho, o corretor de seguros ou um planejador financeiro podem ajudar.

Faça uma revisão a cada cinco anos para entender se a cobertura contratada continua adequada para a sua necessidade. O tamanho da indenização que você precisa pode aumentar ou diminuir com o tempo, conforme o que acontecer na sua vida. Quando os seus filhos se tornarem independentes financeiramente, por exemplo, você poderá pagar um seguro mais barato, com uma indenização menor.

Que cuidados é preciso ter ao contratar um seguro?

É importante que você saiba exatamente que pacote de coberturas está contratando, pois eles podem ser muito diferentes um do outro. Converse com um corretor de seguros, alguém que possa auxiliar você a entender o que precisa. O corretor de seguros apresentará a você produtos de diferentes seguradoras.

Essa pesquisa de mercado é essencial para comparar preços e coberturas. No contrato, observe as exclusões, que são todos aqueles riscos que não serão cobertos pelo seguro que você escolheu. Algumas apólices possuem carência, um período em que não se pode usar o seguro, mesmo estando em dia com o pagamento.

Ao preencher o documento com todas as informações sobre a sua condição de saúde, seja o mais sincero possível, mesmo que corra o risco do seu seguro ficar mais caro. Em caso de má-fé, a seguradora pode recusar o pagamento da indenização.

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