O controle de estabilidade, também conhecido pelas siglas ESP, ESC e VSA, vai se tornar item de segurança obrigatório em todos os automóveis vendidos no Brasil a partir de 2022– dois anos antes, já em 2020, ele terá de ser equipamento de série em todos os novos projetos de carros lançados no país.
O equipamento é fabricado no Brasil pela Bosch desde 2014, em Campinas (SP). Recentemente, a Continental anunciou que também irá produzi-lo, a partir de 2019, na sua planta em Várzea Paulista, também no interior de São Paulo.
Da mesma forma que aconteceu com os freios ABS e os airbags frontais dianteiros, que passaram a ser exigidos pela legislação em todo carro zero km a partir de 2014, as montadoras gradualmente têm aplicado a oferta do ESP em seus modelos — seja como item de série, especialmente em carros de porte médio para cima, ou opcional (normalmente aliado a algum pacote de segurança, algo comum em carros menores e mais acessíveis).
Quais?
O Ford Ka, por exemplo, traz o ESP de série desde o lançamento da atual geração, em 2014, mas somente na versão de topo SEL, que hoje custa R$ 50.090 com motor 1.0. Desde o ano passado, o Fiat Uno também conta com o recurso a partir do modelo 1.3 Way com transmissão automatizada (de R$ 54.430).
Já modelos intermediários como Fiat Argo e Volkswagen Fox já estão acostumados a oferecerem o recurso, que fica igualmente limitado a configurações mais caras.
Entre sedãs médios, já com preço inicial na faixa de R$ 80 mil, o ESP vira praticamente um item padrão, ainda mais depois que o Toyota Corolla finalmente o recebeu em todas as versões, em março deste ano, com o lançamento da linha 2018 — até então, o modelo não o trazia nem como opcional.
O Honda Fit foi o último a incorporar o equipamento entre seus itens de série, o que espera-se que aconteça também nos próximos meses com o City, irmão de plataforma.
Produção em larga escala
É fato que com a massificação do controle de estabilidade surge a questão de quanto ele vai agregar ao custo dos veículos — na virada de 2013 para 2014, a Anfavea, associação das montadoras, estimou aumento entre R$ 1.000 e R$ 1,5 mil por conta dos freios ABS e airbag duplo.
Ao menos no caso do Nissan Kicks, o ESP tem até preço definido: sai por R$ 1,2 mil como opcional na versão de entrada, a única a não trazê-lo de série. O Kicks e modelos como o novo VW Polo, que chega em novembro com controle de tração nas versões de entrada e intermediária e ESP na de topo, trazem plataformas globais, já projetadas para receber esses itens de segurança.
União Europeia, Japão e Estados Unidos, por exemplo, obrigam há alguns anos que suas fabricantes coloquem controle de estabilidade em seus veículos.
Controles de tração e estabilidade: as diferenças
Vale destacar que o controle de tração, também de série nas versões TSI do Volkswagen Up, é uma das funcionalidades do controle de estabilidade e utiliza os sensores e a central de comando eletrônico do ABS, mais o controle de torque do motor, dependendo do veículo, para impedir que uma ou mais rodas girem em falso.
Já o controle de estabilidade também atua em conjunto com o ABS, porém de forma mais ampla, para corrigir a trajetória do veículo em movimento — e podendo agregar funções como frenagem de emergência, assistente de partida em rampa e muitos outros auxílios eletrônicos.
US$ 50
Por conta de eles utilizarem o ABS, a Proteste (Associação de Defesa do Consumidor) pede a antecipação da sua obrigatoriedade desde o ano passado, alegando que o custo para implementar o equipamento seria de apenas US$ 50 (cerca de R$ 155) por já aproveitar sensores e a central de comando eletrônica já presentes no carro.
“Hoje, vários modelos de automóvel poderiam vir pelo menos com controle de tração, pois já dispõem do hardware para agregar essa funcionalidade. A implementação é feita por meio de calibração via software a um custo bem tranquilo“, afirma Alexandre Pagotto, membro da Comissão Técnica de Segurança Veicular da SAE Brasil.
Pagotto também concorda com o custo extra estimado pela Proteste para colocar o ESP. “Nos modelos mais recentes, com ABS de nona geração, há apenas duas etapas de produção a menos que o ESP e ambos compartilham muitos itens. O custo de US$ 50 é factível”, defende.
Porém, outros especialistas consultados discordam. “O importante é saber que, para a instalação do controle de estabilidade, mesmo que o veículo já tenha ABS, há necessidade de validação e de testes para a inclusão desse dispositivo. Além disso, em alguns modelos são necessárias eventuais adaptações de alguns componentes, como por exemplo, direção e estrutura do veículo para a instalação, que requer sensores no volante e na carroceria, caso este não tenha sido projetado de fábrica para recebê-lo“, avalia Alessandro Rubio, também da Comissão de Segurança Veicular da SAE Brasil.
A opinião dos especialistas é compartilhada por Vitor Klizas, presidente da consultoria automotiva Jato Brasil. “Não dá para dizer que o custo para instalar o controle de estabilidade é marginal. Na comparação com o ABS, dependendo do veículo, são outros módulos eletrônicos e sensores, com valores maiores. Tudo depende de cada projeto e principalmente se o veículo foi pensado para originalmente ter o ESP“, conclui.
Fonte: Uol Carros